Depois de quilômetros percorridos
sobre trilhos de insegurança e incerteza, eis a percepção de que mesmo em
caminho retilíneo, a base dos trilhos estava encravada em uma espécie de areia
movediça, onde em algum momento não seria possível mais voltar ou seguir em
frente.
Como num passe de coragem súbita,
saltou do trem já parado, não soube usar a porta, usou a janela como quem teme
desistir da fuga, restaram alguns arranhões e poucas emoções, ao menos uma
certeza, fora daquele vagão a vista era mais ampla.
Uma nova rota será traçada, sem
atalhos, sem pressa, a bússola será o som das emoções e ela vai bailar conforme
seu ritmo.
Talvez ela volte, talvez não. Aquele
solo pode ainda se estabilizar? Onde pisará e andará será mais seguro? São tantas
perguntas, às quais não pode dar uma resposta.
Certamente não vai mais andar,
nem tatear o chão para ficar firme, flutuará leve envolta em uma pequena bolha
de sabão, colorida e sensível, alguns irão querer estourar, outros segurar em
sua mão. O vento a levará ou talvez um sopro de amor a traga de volta.
De um vagão de trem para uma
bolha de sabão, uma conexão sem pontes e sem destino final. Descobriu ser
impossível controlar o caminho, o destino sempre segue por uma bifurcação não
conhecida por ninguém.
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